segunda-feira, 21 de maio de 2012

De saída...

Saiu como havia chegado. Não avisou. Não mandou sinal de alerta. Simplesmente se foi. Nem o trabalho de fechar a porta teve. Não porque pretendesse um dia voltar. Simplesmente não fechou porque lhe faltou interesse até para isso. Deixou para trás o vazio, o frio e o silêncio. Isso para não falar das interrogações várias. Os motivos para que ela se fosse ainda estão por serem descobertos. Permanecem escondidos nas sombras. Espreitam em cantos escuros, mudos. São mistérios que talvez não se revelem em dia algum. São criaturas a temer a luz. Indecifráveis tendem a permanecer. Ele ainda pensa nela. Ele ainda se lembra das palavras. Ele ainda ouve o som da voz. Ele ainda se arrepia ao escutar algumas melodias. Melodias essas daquelas músicas. As músicas. Mas, após caminhar cegamente em passo trôpego em campo minado, ele escolheu não se preocupar mais em saber se ela um dia irá voltar. Se ele se pegasse a se permitir pensar nessa volta, tantas dúvidas mais seriam as que se sucederiam. Voltará ela da mesma forma como uma dia chegou e no outro se foi? Trará ela uma desculpa daquelas qualquer, balbuciada num tom de confidência, quase de súplica? Aparecerá ela, voltando a ocupar espaço e continuando dia após dia como se nada tivesse acontecido? Ele não sabe. Não sabe de nada. Não sabe nem, na verdade, se ela existe de fato, em corpo e alma. Afinal, para ele, ela foi a mítica sereia que o encantou com o seu canto único.