terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Rascunho perfeito

Pegue cada tijolo da construção feita com tanto cuidado e atire-o de lado.
Retire as bases de sustentação.
Fira mortalmente o alicerce.
Destrua parte a parte aquilo que deu tanto trabalho para fazer.
Esqueça todo o sangue, suor e lágrimas misturados àquela argamassa.
Não se importe se outras mãos lhe ajudaram na tarefa árdua.
Simplesmente siga em frente com a sua ânsia de destruição.
Apague cada ensinamento.
Apague cada sorriso.
Apague cada momento bom.
Apague cada lembrança.
Apague cada sonho de futuro.
Apague cada esperança.
Apague tudo o que aprendeu de bom.
Apague cada valor compartilhado e cultivado
Simplesmente siga em frente nessa sua ânsia de apagar o passado.
Faça tudo ao contrário do que é certo.
Faça tudo o que contraria o bom senso.
Faça tudo para magoar quem de fato se preocupa contigo.
Faça tudo para acabar com o que de mais belo e puro você possuía.
Siga em frente.
Torne-se uma pessoa ainda mais vazia.
Torne-se uma pessoa ainda mais fútil.
Torne-se uma pessoa ainda mais mesquinha.
Torne-se uma pessoa ainda mais oportunista.
Vá em frente.
Destrua.
Apague.
Erre.
Perca-se.
Deixe o tempo agir contra você.
Desfaça cada laço de coisa boa e de racionalidade que ainda lhe unia a uma justa causa.
Ignore cada rastro de lucidez da sua vida.
Viva o turbilhão.
Contemple o olho do furacão.
Pior do que ser cego de fato é ser aquele que escolhe não ver.
Pior do que ser surdo de fato é ser aquele que escolhe não ouvir.
Pior do que ser mudo de fato é ser aquele que escolhe se calar.
Seja então assim: pessoa cega, surda e muda por escolha.
Certa é a pessoa que aprende com os próprios erros.
Mais correta ainda é aquela que tenta reescrever uma história corrigindo os erros anteriores.
Mas aos orgulhosos que escolhem trilhar o caminho errado só para provar ao mundo que estavam certos, ainda que saibam que nunca estarão...
A estes só resta, cedo ou tarde, ver o resto dos escombros de sua torre desalicerçada desmoronar.
Daí então descobrirá, tarde demais, que o tempo não era seu aliado e sim seu pior inimigo.
Vá em frente.
Não olhe para trás.
Dê mais um passo e mergulhe no abismo.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Música no ar


O destino lhe prega peças.
Não adianta esperar.
Não adianta sonhar.
Não adianta desejar que seja assim ou de outra forma.
As coisas acontecem sem que você tenha controle sobre elas.
É assim a vida.
O destino pode estar a lhe espreitar numa ligação em final de tarde de sábado.
Qual seria o motivo?
E a voz fala de certa música que exatamente naquele instante passava pela sua cabeça.
Dá um arrepio imediato que, longe causar frio, lhe faz suar.
"Afinal porque ela tem essa capacidade de me desconsertar à distância?", é a pergunta que fica no ar após o final da ligação.
Você tenta fugir do pensamento.
♫♪"Não quero mais ficar pensando em você... Eu tenho muito medo, medo de sofrer"♫♪
Mas há a música que se repete para você e fica no ar.
E os arrepios persistem.
Afinal de contas, porque você pensa nela e, mais misterioso ainda, porque ela própria pensa em você?
A pergunta ecoa, a resposta nunca vem.
Mas é fato que há muito você pensa nela mais do que devia.
Já não fala sobre isso, mas o fato é que não a esquece.
E, certos dias, quando o carro come os quilômetros se aproximando daquela cidade, é inevitável a lembrança.
"Será que um dia?...", é outra pergunta que se perde ao vento.
O sábado vai embora.
E você busca lembranças vivas dela...
Encontra o sorriso doce e o inconfundível jeito de olhar brilhando...
♫♪"Tô viajando há horas em sua fotografia... A noite está passando, está chegando o dia..."♫♪
A madrugada de domingo clareia.
Por fim você se entrega ao sono e mergulha no reino de Morfeu.
Algo se passa por lá.
Você acorda e ainda tem na boca as letras do nome dela, que lhe visitou.
O sonho ainda está vívido.
Mas você escolhe não falar sobre isso, ainda que saiba que isso vai lhe perseguir durante todo o dia.
Você tenta afastar os pensamentos.
Afinal, já tem pensado demais nela e é melhor não remexer as cinzas que imaginava estarem apagadas.
E você se cala para o mundo.
Senta-se debaixo de uma árvore qualquer e tenta se isolar.
Torce para que o silêncio prevaleça também internamente.
Mas o inesperado acontece.
E aparece em formato de uma mensagem de texto:
"Quero você sempre na minha vida, independente do resto. (:"
E, muito tempo depois, você ainda não consegue traduzir o que linhas e muito menos entrelinhas querem lhe dizer.
E prefere não pensar nisso.
Afinal está cansado de sofrer.
♫♪"Se eu me entregar eu vou chorar depois, há muito tempo eu não me entrego a um novo amor... O envolvimento vem com o tempo e o tempo pode machucar..."♫♪
O domingo vai chegando ao fim e você ainda não tem respostas.
Cansa-se de procurá-las.
Decide então que vai simplesmente viver.
Certas coisas a gente não deve contestar demais, deve simplesmente viver...
E assim segue o curso natural das coisas...

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A Sexta-Feira 13 em mim

Eu tenho um 13 tatuado no braço esquerdo.
Já ouvi todo tipo de pergunta a respeito da escolha de tal número.
Já me perguntaram se é porque eu sou petista; se é porque torço para o Treze de Campina Grande (PB); se é porque eu sou fã do Zagallo; se é porque eu me considero azarado; e até se é porque sou doido mesmo.
De todas essas opções a única que pode se encaixar é a última: loucura.
Mas nem tanto.
Vou tentar explicar.
Desde o meu nascimento esse número me persegue.
Primeiro porque nasci numa sexta-feira, 13 de fevereiro de 76.
Era um ano bissexto e nasci justamente no mês que torna o ano bissexto.
A soma dos dois numerais no ano que nasci: 7 e 6, dá justamente 13.
Também nasci às 10:30, que eliminando-se os zeros fica justamente 13.
De quebra a data caiu com a lua em plenilúnio (lua-cheia).
E existem outros pontos em comum.
Daí, em 2007, numa sexta-feira 13, quando decidi que iria tatuar o 13 no braço esquerdo.
Como testemunha levei a então namorada.
Eu penso que ela duvidou da minha coragem até que o tatuador Léo fez a primeira marca de tinta preta no meu braço.
O cara quis saber da história e eu contei. Ele arregalou os olhos, ficou boquiaberto.
"É bom fazer uma tatoo com motivos, com explicações...", comentou.
Depois de pronta a tatuagem fiquei satisfeito.
Hoje já a considero pequena, se fosse fazer novamente a tornaria maior.
Pois bem, dessa maneira o 13 é a minha marca registrada.
Tem gente que quando fica sabendo dos motivos, principalmente por eu ter nascido numa sexta 13, até se benze.
Mas tudo bem, não me considero sortudo ou azarado além do normal.
E outra, não tenho nenhuma predisposição para Jason, o fatídico personagem do Sexta-Feira 13, e nem para Zagallo.

P.S. O último filme da série Sexta-Feira 13 começou a ser exibido justamente no dia 13 de fevereiro de 2008, uma sexta-feira 13.
P.S.2 Na Festa da Fantasia de 2011 fui fantasiado de... Jason! Com direito a facão, máscara e machado! Mas não se preocupem, não fiz nenhuma vítima no local.

Observação: texto original postado em 29 de março de 2010. Republiquei, atualizado, aproveitando a data: sexta-feira 13 de janeiro de 2011.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Acabou



Pode ser fora do tempo ou despropositado, mas somente agora falo sobre a partida de 2011.
Pelas coisas ruins e pelo vazio que ele deixou na minha vida, confesso que nem deixa tanta saudade.
Conversando com uma amiga esses dias ela disse que o ano tinha passado com muita agilidade.
E de fato foi.
Se eu pudesse escolher, preferia tirar as coisas ruins desse ano e trazer para mim apenas as boas.
Mas os momentos ruins foram marcantes demais.
2011 foi um ano que registrou duas das piores perdas que tive na minha vida.
E, justamente por isso, poderia pensar em o esquecer.
Mas, nesse sentido, precisaria esquecer ainda as coisas boas.
De qualquer forma, nem tenho como apagar nada.
Dessa maneira continuo com a conta atual.
Vivi 2011 e agora chego a 2012.
Espero que esse ano seja melhor.
Da minha parte tentarei com que ele seja.
E que os bons anjos digam amem.