sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O desabafo do abstêmio

Antes de qualquer coisa é necessário esclarecer que abstêmio é o cara que não bebe álcool.

Sei que ninguém que for ler esse blog (se é que alguém anda lendo) é analfabeto, mas também não precisa ser um dicionário ambulante!

Para não me definir com essa palavra que é quase um xingamento, prefiro dizer simplesmente que não gosto de bebidas alcóolicas. Não gosto do cheiro, do sabor, da forma como elas nos deixam na hora e muito menos da forma como deixam no dia seguinte. O gosto de cabo de guarda-chuva na boca é histórico! Rsrs.

Não gosto por não gostar mesmo. Não é para fazer tipo. O álcool não me apetece. Não tenho paladar para isso. Além disso, pela falta de álcool correndo em minhas veias, nas poucas vezes que resolvo beber algo (ainda que seja uma inocente caipirinha) começo a trocar as letras rapidinho.

E é como meus amigos falam: é melhor o Almiro não beber, porque se ele já é assim normal, imagina se bebesse!

Portanto, prefiro evitar. Mas isso não quer dizer que eu nunca tenha bebido na minha vida.

Lá na minha adolescência eu me arrisquei na vida de boêmio. Tinha lá uns 15, 16 anos e meti a cara com gosto na cachaça. Nas férias em Varjão, então, a principal diversão, depois das pescarias, eram as festas nas casas de amigos regadas a álcool. Sempre começava assim: no início do mês, quando todo mundo tinha grana, começava com cerveja. Daí no final do mês, já sem recursos, íamos descambar para a Caninha 51 'carcinada' (misturada) com Coca.

E foi numa dessas aí que eu tive o maior porre da minha vida. Porre de pinga com Coca e galinhada. Imagina? O resultado não foi bom. Aliás, foi péssimo, com direito a cama rodando, vômito a madrugada inteira e ressaca inesquecível. Mas, pelo menos, aquilo me deu a certeza de que essa vida não era para mim.

Daí decidi não mais beber. E parei mesmo.

E hoje em dia eu me tornei um cara anormal.

Sei que minha situação é totalmente louvável nesses tempos de lei seca (o eterno motorista da rodada!), mas não é qualquer um que entende. Quando digo que não bebo, o pessoal que não me conhece bem já olha fazendo troça: Se não bebe, então come com farinha... Como é que uma pessoa palhaça como você não bebe?

Ué, então quer dizer que palhaço sempre anda de pileque?

Além da estranheza que causo, a situação também traz alguns inconvenientes.

Já aconteceu algumas vezes. Chego em um bar. Daí o povo começa a pedir bebidas: chope, cerveja, margarita, pinga, uísque, vodka... Quando chega em mim vou logo emendando um refrigerante, uma água ou algum suco. E sempre tem um engraçadinho: tem toddynho? traz para ele!

Rárárá! Morri de rir mas não achei graça.

Quando é de turma, ainda é mais fácil driblar a minha condição de abstêmio (que palavra horrível!). Mas se sai em casal a situação é deveras constrangedora.

Se a moça já sabe que eu não bebo mesmo, é mais fácil resolver. Daí ela não fica encanada de pedir o que quiser e nem eu de tomar Coca.
Mas se ainda não sabe... Ih, daí o caminho é um só. Eu fico enrolando, olhando o cardápio, disfarçando e deixo a mulher escolher o que quer. Daí se ela pede, sei lá, uma caipirinha, não vou poder pedir um suco de laranja, então me arrisco a pedir a mesma coisa e vou rezando para vir bem fraca, doce e com muito gelo. Assim, fazendo muita força e disfarçando a cara de quem não gosta, posso, depois de muito tempo, beber uma limonada com um toque sutil de álcool.

Mas, apesar da pouca quantidade, isso já é mais do que suficiente para me deixar uma zonzeira danada na cabeça e a constatação mais do que conveniente:

"Definitivamente não nasci para beber álcool".

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Nomes

Nome é um negócio complicado. Afinal o bebê normalmente já chega ao mundo carimbado com uma denominação escolhida ao bel-prazer pelos pais. E vai saber o que se passa pela cabeça de pais e mães ao escolher o nome do pimpolho.

É para homenagear o avô? Daí aparecem os Anapolinos, Américos, Austragésilos, Pacíficos e outras definições do tipo devidamente complementados pelo NETO. E você já percebeu que os Anapolinos e Américos normalmente só são chamados por esses nomes na chamada da sala de aula? É sim. Naturalmente eles adotam o nome menos estranho do seu registro: NETO. E por aí vai, com homenagens a pais (que muitas vezes recebem de presente o nome estranho dos próprios pais e resolvem, só de sacanagem, passar o fardo de um quase xingamento para os próprios filhos), avós, tias, tios-avôs...

Uma coisa interessante seria deixar o moleque nascer e não colocar nome nenhum no dito cujo. Daí arrumava um apelido para ele. Tipo Coisinha, Zezinho, Pretinho, Branquinho, Gordinho, Zoinho, Cabecinha e outros inhos e inhas. Daí lá pelas tantas, quando o fulaninho já pudesse ter um certo nível de consciência, escolhesse o próprio nome. Isso evitaria aberrações como Carneiro de Souza e Faro ou Chevrolet da Silva Ford. Acredite se quiser, mas são nomes de pessoas reais.

Você mesmo, se for procurar na memória, vai encontrar algum conhecido com nome estranho.
Os exemplos andam por aí.

Eu mesmo, vamos analisar: ALMIRO MARCOS.

E de onde foi que minha mãe arrumou um nome desses? Ela conta que era um farmacêutico, médico, sei lá, que era uma boa pessoa, coisa e tals. Mas o fato é que saiu lá no meu registro o nome composto. Até já encontrei, nos orkuts da vida, um xará. Exatamente, um ALMIRO MARCOS e também um MARCOS ALMIRO. Quer dizer, minha mãe não é a única maluca no mundo!

Ah! Ainda, no meu caso, poderia ser bem pior. Pois eu iria me chamar Mém de Sá. Isso mesmo, o nome do terceiro governador-geral do Brasil, português que por aqui esteve lá pelo século 16.
E minha irmã? Batizada Maria Emília (em homenagem aos dois primeiros nomes das avós) deveria se chamar Mircileigue. Ahnnnn? Nesse caso, minha mãe nunca conseguiu achar explicação. Por mais que eu tenha procurado definições em plantas, insetos e estrelas, não consegui homônimo.

A motivação para escrever sobre nome veio da Camila Blumenschein, colega jornalista aqui da redação do Pop. Dia destes ela, que se senta bem na minha frente, perguntou-me, na mais cândida naturalidade: "Almiro, você acha seu nome estranho?". Eu fiz cara de desentendido, disse que não, mas fiquei encasquetado com aquilo. Fiquei uns 15 minutos a balciar meu nome, até me acostumar de novo.

Depois do ocorrido, fui recordar alguns acontecimentos para reconhecer que ter esse nome é mesmo complicado. Nas entrevistas a fazer pelo telefone, ou quando atendo alguma chamada aqui na redação, eu falo o meu nome para as pessoas. Daí elas entendem o que acham mais fácil. Então me chamam de ALMIR, se prestam atenção na primeira parte do nome, RAMIRO, se prestam atenção na parte final, e até de ALTAMIRO, quando não prestam atenção em nada.
Como explicar é pior, eu fico calado e deixo a pessoa enganada.

Já perdi a conta das vezes que já atendi o telefone para um colega de redação, ALTAMIR, como se eu fosse o próprio. Mas não soube ainda se ele já recebeu alguma chamada que era para mim.
No convívio familiar mais próximo (mãe e irmã), apenas minha mãe me chama de ALMIRO MARCOS, já minha irmã só me chama pelo nome composto quando está p. da vida com algo que eu tenha feito. Ih! Perdi a conta das vezes, quando era criancinha pequena lá em Varjão, de ouvir aquela voz irada ecoar pelos quintais da vida. "ALMIRO MARCOOOOOS! Eu te mato, seu moleque!". Isso tudo só porque eu tinha quebrado algum vaso ou sujado toda a casa. É claro que a ameaça fraterna era mera força de expressão, tanto que estou aqui ainda, vivinho da silva.

As pessoas quando me conhecem, normalmente preferem me chamar pelo segundo nome: MARCOS. Afinal, é mais fácil gravar. Até começam me chamando assim, mas não conseguem continuar. Daí começam a me chamar por um diminutivo do primeiro nome: MIRO. Mas logo acabam ficando com o basicão mesmo: ALMIRO.

No problem, já estou conformado mesmo!

E sei que ainda carregarei por muitos anos a velha sina.

- Alô, quem está falando?
- É o Almiro.
- Almir?
- Não, Almiro.
- Ramiro?
- Não, A L M I R O.
- Altamiro?

Antes que a coisa piore e descambe para Valdomiro ou Claudiomiro eu atravesso a parte dos nomes e vou logo perguntando o que a pessoa quer.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sem palavra

É. De fato sou um cara sem palavra. Mas não que me faltem palavras para escrever ou falar. O que me falta é a danada da palavra com sentido de compromisso. Quando abri esse blog vim com uma baboseira de atualizá-lo constantemente (olhe lá no primeiro post) e não cumpri o prometido. Se bem que eu não espero mesmo que muita gente vá perder tempo para vir aqui me ler. De qualquer maneira estou de volta. E dessa vez, espero, tentarei ser mais constante.