quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Por inteiro



Você vai dizer que é cheia de problemas e complicações.
Que não é uma mulher perfeita.
Que está longe de ser a mulher ideal.
Mas mulher ideal não existe.
E se gosto de você é em sua essência.
E sua essência também traz juntos os seus defeitos. Mas a gente precisa saber gostar e amar também o lado ruim da pessoa.
Porque o gostar não pode separar apenas as coisas boas.
Se fosse assim, seria fácil.
Mas a gente não pode apenas se alimentar dos sorrisos.
A gente também precisa beber as lágrimas, por mais amargas que elas sejam.
Precisamos nos fartar dos dias bons.
Mas também precisamos compartilhar as dificuldades dos dias ruins.
A gente ama a pessoa por inteiro.
É a tal música...
"Agora já não tem mais jeito, amo até seus defeitos".

Ficção



Basta apenas um passo para mudar tudo.
Fechar os olhos e sentir a troca de um beijo pode ser a chave para abrir uma porta fundamental.
Mas você, mulher, não se permite.
Afasta o cálice das coisas que a ligam a essa pessoa e bebe apenas no das coisas que imagina os distanciar.
De que lado está o peso maior?
Você o vê até interessante, companheiro para todas as horas, conselheiro, amigo e divertido.
Ele lhe entende como poucas pessoas já a entenderam. Sabe ouvir, concordar, discordar e dizer as coisas certas, nas horas certas.
Ele sabe enxergar você além da embalagem. Ele nota o seu conteúdo.
Mas, em contrapartida, você o afasta e aposta numa alegada falta de química.
Sim. Afinal você não pode se permitir se aproximar ainda mais dele.
"Não daríamos certo... Ele é meu amigo. Apenas".
Mas também não entende o porquê de, às vezes, até pensar nele, rir sozinha e sentir falta.
"Isso não! Nunca me passou pela cabeça..."
Ele é mestre em confundir as coisas e se acostumou à fila de nãos.
Você se diverte.
E acha interessante porque, diferente de tantos outros, ele nunca se afastou.
Continua o mesmo.
"Seria ele diferente?", pensa você.
E você se lembra de passagens.
Sorri novamente, acha graça de alguma piada perdida em tardes ou madrugadas de muitas conversas.
Quem é esse cara para você, mulher?
Será que há algum risco de que você esteja errada por fora?
E se em sua essência as coisas forem diferentes?
Já pensou se, ao invés de dar errado, tudo desse certo?
Mas, mesmo se desse errado, não perde-se nada em tentar.
Ao contrário, o mais provável é de se ganhar algo a mais.
"Não quero me envolver", é o que diz você.
Mas é impossível.
A própria vida nos envolve a partir do momento que abrimos os olhos e mergulhamos na luz e nas trevas do mundo.
Então, permita-se. Envolva-se.
Pense na possibilidade de deixar que um dia ele dê algum passo além da amizade para poder discordar contigo de muita coisa nesse caminho.
Deixe-o abrir a porta de muitos dos seus mistérios.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Valores



Valores (2/12/11)

A mulher não precisa de quem a compreenda, de quem lhe abra a porta do carro, de quem acalente o sono, de quem a acorde no meio da noite para afastar aquele sonho ruim, de quem esteja sempre do lado, para enxugar a lágrima e sorrir das coisas mais bestas só para vê-la feliz.
Ainda que inconscientemente, a mulher dá mais valor àquele que a faz sofrer e chorar.
Num primeiro instante, você, mulher que estiver lendo isso, dirá justamente o contrário.
Que precisa disso tudo!
Que gostaria de ter isso na vida!
Que esse é o homem ideal...
Mas, na vida real, isso é o que a mulher menos valoriza.
Afinal, o cara que tem essas características também tem uma realidade: ele a ama.
E, justamente por isso, ainda que inconscientemente, você não dá a ele o valor necessário.
Acaba, então, colocando-o sempre em provação.
Diante da bondade, da disponibilidade, da compreensão e de todo o amor demonstrado todos os dias, você passa a considerar que essa situação jamais mudará.
Você, mulher, tem a plena certeza de que nada, mas nada nesse mundo que você fizer, provocará o fim desse amor que ele demonstra sentir sinceramente por você.
E, justamente por isso, vai perdendo a graça.
E aí passa a crescer na sua cabeça, em importância, a presença daqueles que a tratam totalmente ao contrário.
É o cara que a ignora.
É o cara que só a usa.
É o cara que não a respeita.
E quanto ao bom, ao cara ideal?
Esse você deixa de peça sobressalente, para buscar de volta quando se cansar de sofrer por aquele que não a ama.
Deixe o cara ideal de lado, afinal, nada do que acontecer vai acabar com esse sentimento, certo?
Errado.
Chega um dia que o cara se cansa.
O caloroso se torna frio.
O todo-ouvidos se torna surdo.
As palavras se transformam em silêncio.
A eterna presença transmuta-se em constante ausência.
E vai embora aquele que a mulher amada jamais imaginou que a deixaria.
E, sozinha no meio do caminho, você descobre que homens ideais são seres em extinção.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Por quê???


"Você me ama?" - a voz feminina soa doce, porém inquisidora.
"Sim querida, eu a amo" - a resposta vem incontinenti.
Mas o que poderia encerrar uma viagem é apenas o início de um longo e tortuoso caminho - alguns diriam interrogatório.
E uma represa se rompe aos borbotões.
"Mas por que eu? Por que você gosta de mim? Por que você me ama?"
Apesar de variações dentro do mesmo tema e mesmo com as interrogações, tais perguntas vêm sempre carregadas de mistérios extras.
É um tempo angustiante o que se passa num átimo entre a elaboração das frases pela boca feminina, a captação pelo ouvido masculino e o processamento de uma resposta da mente do homem pego de surpresa.
Afinal de contas, a resposta errada pode atirar o desavisado no purgatório ou, de uma só vez, no inferno.
E é claro que ela não vai se contentar com uma resposta objetiva e direta.
Sua emoção não permite que a razão masculina a satisfaça com objetividade.
É preciso algo mais.
Daí o pobre rapaz normalmente aparece com os tradicionais motivos e adjetivos:
"Eu te amo por que você é bela, compreensiva, inteligente, sincera, fiel e penso que é a mulher da minha vida..."
E pensa o homem que se saiu bem e que por aí encerrou a conversa.
Mas a mulher não está satisfeita.
"Não é suficiente... Por que eu?"
A suar frio e tremer, para não gerar uma reação negativa na mulher amada, o pobre homem se põe a desfilar todos os adjetivos e qualidades que podem existir no dicionário, entre o céu e a terra e até além do que sonha a imaginação.
Depois da mulher aparentar (apenas aparentar) satisfação por tantas respostas, pode ser que o homem resolva agir à altura.
"E você, meu bem, por que me ama?"
"Por que sim" - e com um beijo dá o assunto por encerrado, por enquanto.
Expansiva nas perguntas e sintética na resposta.
E é assim mesmo.
Afinal as mulheres, muitas vezes, precisam de respostas para alimentar aquilo que elas mesmas não conseguem responder.

Comentário postado sobre o tempo


Todos nós precisamos de boas doses e tragos de tempo o tempo todo...
E vamos lá dar tempo ao tempo, mas sem ficar sentados à beira do caminho deixando que o tempo passe rápido demais...

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Verdade


E tudo talvez não passe de ficção.
Ainda, quem sabe, seja lá mera ilusão.
Onde andará a verdade?
Procure-a pelo caminho.
O caminho está vazio.
Nem sombra há.
E o que dizer da dita verdade?
Onde estará?
Não temos nem como dizer se andará de braços dados conosco.
Talvez estejamos sozinhos na estrada.
Ou nem na estrada a gente mesmo estará.
Estrada solitária então.
E essa tal verdade?
Haverá?
Talvez...
Mas, afinal, valerá contar a verdade de quem?
A sua?
A minha?
Ou a verdade do mundo?
Não tenho as respostas.
E nem sei dizer, ao certo, se essa senhora existe de fato.
Ou existirá e apenas não quer aparecer por aqui?
Sei lá.

Ponto de equilíbrio


Seguia ele estrada afora, na bagagem às costas carregava muitas histórias e muito mais decepções do que sonhos.
Mas isso não chegava a representar peso.
A cabeça ia cada vez mais livre, leve e não se ancorava a portos de pensamentos específicos.
Fugia da realidade de um certo tempo vivido.
Descartava, à beira do caminho, as recordações disso.
Descartes sem opção de reciclagem.
Meros descartes, sementes secas sem força para germinar.
Seguia ele.
Simplesmente seguia.
Mas logo algo mudaria.
Coisas da vida, do acaso, do destino.
Talvez tenha sido em uma curva do caminho ou quem sabe mesmo em uma reta - não é possível determinar, mas o fato é que lhe atravessou o destino uma ninfa.
Ser sem corpo, etéreo, mas isso não quer dizer que fosse um ser sem essência.
Era a essência em si mesma.
Bela no mais profundo âmago do seu ser.
Primeiro lhe atraiu a atenção.
O próximo passo foi despertar o encantamento.
Na sequência capturou, do viajante, o pensamento.
E fez prisioneiro vigiado a corrente curta, a quem só era permitido passear por perto, passar um tempo distante, mas sempre precisando retornar a ela.
O tempo passou lentamente.
Não atropelou.
Nem viajante e nem ninfa se atropelaram.
Deram tempo ao tempo e o tempo agiu.
Ainda que continuassem sendo etéreos um pro outro, algo mais acabaria por ligá-los ao cotidiano de um e outro.
De repente, não mais do que de repente, o destino os aproximou.
Sem mandar aviso, sinal ou dar explicação, o acaso os juntaria quase sem querer.
Numa noite qualquer, perdida entre nuvens cinzas-chumbo que se desmanchavam em água farta sobre o Cerrado, a voz de uma encontrou o ouvido de outro.
Macia, inebriante e sedutora música para os ouvidos, as palavras na medida certa e as respostas esperadas.
Eles se acariciaram ao longe.
Se reconheceram.
Se reconfortaram.
Se aconchegaram.
Minutos passaram tão rápido como breves instantes fugidios.
Quisera os relógios pudessem ser estacionados para perpetuar aqueles momentos.
As nuvens cor de chumbo à frente dele se fizeram coloridas.
As gotas caindo se fizeram brilhantes, tal qual chuva de prata.
O silêncio de um telefone sendo desligado não foi suficiente para afastá-los.
Dormiram com os lábios sorrindo, sem ter como fugir do pensamento um do outro.
Veio o dia seguinte e as lembranças se fizeram ainda mais vivas, presentes.
Pensamentos voam e se abraçam no ar, ao mesmo instante, em todo lugar.
O hábito de se falarem e de se ouvirem os uniu ainda mais.
Houve a expectativa daquele momento para chamar um número e ouvir o alô da voz que acalma e atrai do outro lado.
Por mais uma noite foram um pro outro o ombro, o arrimo, o PONTO DE EQUILÍBRIO.
O dia seguinte foi marcado por lembranças, sensações, arrepios, frios na barriga e desejos.
Desejo de mais voz.
Desejo de presença.
E os dois acabaram se encontrando meio perdidos.
O que seria dali para a frente?
Nenhum dos dois saberia dizer.
Não havia ainda a resposta.
Afinal, como já disse Shakespeare, "há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia".
Que ambos então aceitem apenas viver e deixar o tempo ver, ver no que vai dar.
Lá pelo meio da tarde uma dúvida o assaltou: outras noites da presença daquela doce voz viriam?
Isso ainda não é possível dizer, pois a noite seguinte ainda não chegou.
Da parte dele a presença dela é cada vez maior.
Ele sonha acordado com sua voz.
Terá um dia a presença física para dela também se recordar?
Só o tempo dirá.



Música incidental: Ponto de Equilíbrio (Hugo Penna).

"As vezes sinto as pernas bambas,
Sinto me faltar o ar,
É ofegante, o coração parece que vai parar,
Minha visão que te procura em meio a tanta gente,
Cada motivo é um motivo pra eu te procurar,
Inseguranças, incertezas, querem me barrar,
E a cada passo é um tropeço eu to indo pra guerra,
É confusão de sentimentos no meu coração,
Eu travo em sua frente,
Sinto gelo em minhas mãos,
E mesmo assim tive coragem e vou te dizer,

Meu ponto de equilíbrio,
O meu comando é você,
É tudo que eu preciso,
A força que me faz viver,
Então devolva de uma vez o que levou de mim.

Meu ponto de equílibrio
O meu comando é você,
É tudo que eu preciso,
A força que me faz viver,
Amor perfeito tem começo, meio e não tem fim."

terça-feira, 22 de novembro de 2011

The End?



E segue a vida na penumbra.
Vai em frente fingindo que está tudo bem.
Segue falando muito às paredes.
Disputa quedas-de-braço veladas.
Permanece o silêncio.
Permanece a ausência.
O tempo passa.
Não tem dó.
Mas também não tem como parar.
E giramundo.
O mundo gira.
E nem tudo o que já foi continua sendo.
Mas aquilo que se tenta disfarçar para o mundo, segue evidente dentro de si mesma.
Acabará?
Não é possível dizer, na vida real não existem avisos de final de filme: The End.

domingo, 6 de novembro de 2011

À boca livre



Falamos tanto da boca pra fora.
Você é assim.
Porque também não eu?
Se acha que serve só para mim, respire fundo e admita que também vale para você.
Palavras jogadas ao léu, ao vento.
Mais ou menos, todos somos especialistas nisso.
Confirmamos o fim aos quatro ventos, mas intimamente sabemos ainda estar longe o ponto final.
O máximo que conseguimos é um ponto e vírgula.
Mas, quase sempre, temos de conviver com as reticências...
E as histórias continuam mal resolvidas, mal acabadas.
E continuam sendo escritas, se não mais a quatro mãos juntas, pelo menos de duas em duas mãos.
Apesar do tempo e da distância os dois seres ainda permanecem próximos, se não nos corpos, pelo menos no pensamento.
As lembranças, volta e meia, se tornam assaltantes cruéis e atacam de maneira inesperada.
Roubam a calma, a paz e deixam como herança um vazio abismo no peito.
E cada qual insiste em continuar sozinho a dar cabeçadas no escuro.
Alguém aprenderá?
Só o tempo dirá.

P.S. Somos contraditórios por natureza.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Carta a você que busca por respostas



Afinal onde andarão as respostas?
Qual é o motivo que te leva a, insistentemente, procurar por notícias de alguém que pediu que fosse embora e fechasse a porta?
Se não tem mais nada a ver por quê se incomodar tanto com quem anda ou o que faz a outra pessoa?
Por quê?
Já se perguntou?
Se não tinha tanta certeza sobre o que desejava de fato, então por quê insistiu em estabelecer o distanciamento?
E agora que a distância se torna cada vez maior no tempo e no espaço é que você começa a se sentir incomodada?
Se era e ainda é tão importante para você, por quê insistiu na ausência?
Se a vida é feita de escolhas, por quê você insiste naquelas erradas?
Nem tudo aquilo que se perde é possível recuperar.
Você deveria pensar nisso.
E pensar bem.
O tempo pode ser um aliado, assim como pode ser o pior inimigo.
Cabe a você saber usá-lo.
E você, mais de uma vez, já deu mostras de que não sabe ser amiga do tempo.
Os dias se sucedem.
Vão se seguindo.
E algumas coisas não mudam.
O orgulho prevalece, mas ainda assim as lembranças não te abandonam.
Ainda sente falta.
Ainda pensa muito.
Ainda não conseguiu esquecer.
Ainda não conseguiu achar ninguém à altura daquele.
Deixará de sentir?
Parará de pensar?
Esquecerá?
Achará?
Afinal onde andarão tantas respostas?
Procure-as aí do lado.
Elas estão contigo mesma!
Mas sinto informar que talvez elas não irão dizer aquilo que você insiste em demonstrar para o mundo e a falar da boca pra fora.

Música incidental: Ali (Skank)

"Ela andou e eu fiquei ali
Ou será que fui eu que dali mudei
Com uns passos mudos
De uma reticência?"

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Esquecimento


O amor tem lá suas armadilhas.
Encontros e desencontros na vida.
Feridas recentes que parecem não se cicatrizar.
E a pergunta sempre paira no ar: conseguirei esquecer?
Não é um processo rápido, indolor e que surge como passe de mágica do dia pra noite.
É lento.
Mas vem.
O esquecimento vem em doses homeopáticas.
Para sorte de uns e azar de outros, normalmente é ação irreversível.
O tempo é a carruagem do esquecimento.
Conforme vai acelerando, o esquecimento mais se aproxima do destino.
E ele chega aos poucos.
Primeiro passa a borracha nas coisas mais próximas e físicas.
Apaga o cheiro do corpo, do pescoço, dos cabelos.
Apaga o som da voz e o ruído da gargalhada.
Apaga o brilho do olhar e mesmo a cor dos olhos.
Apaga o gosto do beijo (seria bom?) e o calor do toque das mãos ou da pele tocada.
O apagador depois começa a agir nas lembranças.
A pessoa outrora tão presente no cotidiano e no pensamento, de repente vai se afastando da realidade.
O desenho de traços e cores tão vivas vai se tornando um arremedo do que já foi e logo não passará de um tênue rabisco leve numa folha amassada.
E o destino das folhas amassadas é um só: o lixo.
Nesse caso, o lixo da memória.
Um dia talvez reapareça alguma lembrança perdida.
Você olha para aquilo e sorri, intrigado: será que um dia vivi mesmo isso de fato?
Na dúvida, passa a pergunta sem resposta adiante e segue em frente naquilo que estava fazendo.
Afinal, na vida, apenas as coisas que são importantes de fato permanecem.
E o resto?
É resto.

domingo, 9 de outubro de 2011

Recomeço



Chegou a hora de recomeçar.
As coisas mudam.
As coisas vão e não tem mais volta.
Mas a vida não passa e é preciso seguir adiante.
Simples assim.

Já vou.

sábado, 10 de setembro de 2011

UTI



Normalmente sou um cara animado, mas esse post não é alto astral.
Ele fala de tristeza.
Ele fala já de saudade.
Ele fala de verdades.
Ele fala sobre o tempo que nunca para de passar.
O tempo que vai acabando para muitos.
É duro ver as pessoas queridas envelhecendo.
É duro vê-las se apagando como a chama bruxuleante de uma lamparina.
É duro vê-las murchando dia-a-dia como flores abandonadas sobre a mesa.
É duro ver o brilho do olhar ir enfraquecendo.
É duro vê-las perdendo o vigor, a força e até a vontade de sorrir.
É muito triste isso.
É de cortar o coração.
Mas fazer o quê?
Seres imortais não existem na vida real.
O desejo da imortalidade é expresso no mundo das artes.
O cinema tem exemplos. Seja na série de filmes Highlander ou na também série Crepúsculo, a alegoria da imortalidade está presente.
E há sempre aquela agonia do ser imortal em ver as pessoas próximas envelhecerem, enquanto ele mesmo não envelhece.
Mas, no mundo real, estamos longe dessa utopia.
Nós próprios, observando o envelhecimento dos outros, não nos damos conta de que estamos também envelhecendo.
Vamos dia após dia enrugando e amarelando como as páginas de um livro que aos poucos vai sendo rascunhado, rabiscado, mal-escrito.
É observando o envelhecimento e perdendo as pessoas queridas que precisamos nos preparar para o dia que também chegará a nossa hora.
Infelizmente a vida é assim.
Infelizmente a única certeza que temos nessa vida é que a morte um dia chegará.
Triste e pura verdade.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sereia no aquário




É uma emoção estranha.
Você é um ser virtual.
Mas ainda assim lhe quero bem.
Ainda assim eu lhe busco.
Não sei qual é a cor do seu olhar ou que som tem o seu sorriso quando vai além do leve tremular no canto da boca.
Não sei que cheiro tem.
Não sei se o seu andar é cheio de charme.
Não sei se sua voz é música para os meus ouvidos.
Pouco sei dessa moça virtual no mundo real.
Mas ainda assim procuro o seu rastro na rede todos os dias.
Tento enxergar nas entrelinhas dos seus posts os fragmentos que poderão identificá-la no mundo real.
E cada vez, como numa teia sendo articulada, acabo me ligando ponto a ponto a você.
Não deixo de ficar preso, ligado.
Tal qual aquário e peixe.
Peixe e aquário.
Melhor ainda...
Sereia.
Aquário.
Agora mesmo, por acaso, nossos caminhos virtuais se cruzam.
É uma emoção estranha.
Fico lhe imaginando frente a frente com a tela do computador.
Tento vislumbrar o reflexo que a luz lançada do aparelho terá no seu rosto, nas sombras na sua pele, nos raios filtrando por entre os fios dos seus cabelos.
Fecho os olhos e tento imaginar por um instante.
Uma imagem efêmera se forma.
Abro os olhos e ela se esvai, como neblina ao sol.
Diante dos olhos não há mais a imagem.
Mas as características do seu ser virtual estão fixadas.
Essas, sim, são vívidas e marcantes.
Mas preciso mais.
Preciso ir além.
O mundo real também cobra uma presença.
A sua presença.
E quando deixaremos de ser apenas virtuais?
Será que deixaremos um dia?
Nem que seja só um dia?
Ah!
Quem me dera eu pudesse ser real um dia e lhe dizer em palavras ao vento tudo o que sou capaz de sentir.
Quem me dera!

P.S. Sereia, sereia... Faça o seu canto virtual se tornar real. Encanta-me com seu canto...

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Minhas verdades



Preciso falar a verdade.
Preciso falar das minhas verdades.
Sou goiano.
Do pé-rachado.
Mesmo!
Sou do interior.
Sou da roça.
Sou ainda meio caipira.
Gosto de música sertaneja.
Gosto de moda de viola.
Gosto de mato.
Gosto de beira de rio.
Gosto do cheiro da terra molhada logo na primeira chuva.
Gosto muito mais de olhar as estrelas no céu do que as luzes da cidade.
Gosto muito mais de ver a lua-cheia clareando a mata do que prateando os telhados.
Gosto muito mais de ouvir o canto dos passarinhos do que o barulho dos carros.
Sou assim.
Não adianta, vivo na cidade, mas sou muito mais rural do que urbano.
Não adianta, eu sai do interior, do sertão, mas o sertão não saiu de mim.

“Sertão é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando menos se espera.”
(Guimarães Rosa - Grande Sertão Veredas)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Zodíaco explica


Está certo que esse senhor não explica tudo.
Mas ando encafifado com o zodíaco.
Eis que me deparei dia desses com uma lista de afinidades amorosas entre o meu signo (aquário) e os demais.
Praticamente incompatíveis: peixes, escorpião e câncer.
Algumas semelhanças e muitas diferenças: capricórnio, virgem e touro.
Diferenças que estimulam: áries e sagitário.
Afinidades, mas excesso de semelhanças que atrapalham: aquário.
Oposto que atrai: leão.
Total compatibilidade: gêmeos e libra.
Eis que me peguei a repassar os meus relacionamentos.
O último relacionamento mais longo foi com uma virginiana. Algumas semelhanças, muitas diferenças. Tentamos, insistimos. Não estamos juntos.
Há pouco tempo (nem tão breve) surgiu uma leonina. A primeira. O oposto de mim. Atração inexplicável e irresistível. Até hoje ainda nos causamos arrepios. Não estamos juntos. Temos até medo um do outro e evitamos até mesmo nos encontrar. Dá choque!
E daí repasso os casos que me lembro: peixes, escorpião, touro, áries, capricórnio e até mesmo aquário.
Resultado: nada deu certo!
Daí constato que não me lembro de namoradas ou casos mais longos de libra e gêmeos.
E, naquela escala acima, são justamente as librianas e geminianas que se configuram como os pares perfeitos do aquariano que sou.
Pronto!
Está aí o culpado por minha vida sentimental andar sempre de ponta-cabeça.
A culpa é do senhor zodíaco!
Portanto agora serei seletivo, relacionamentos sérios só com librianas e geminianas.
E que a busca se inicie!

domingo, 24 de julho de 2011

Segunda chance


A vida não é um jogo. Muito menos um jogo de futebol.
Dificilmente temos segundas ou terceiras chances em caso de deslizes, de erros.
Dificilmente teremos a bola colocada de novo na marca do pênalti para tentar o segundo arremate.
No entanto, se por um acaso, um sortilégio, você tiver uma segunda chance, não pense nem uma vez para agarrá-la como se fosse a tábua de salvação.
Mas, fica a dica, não vai adiantar fazer as coisas como você fez na primeira chance.
Vai ser preciso fazer mais do que antes.
Vai ser preciso fazer o melhor que já fez.
Não deixe espaço para nenhum tipo de arrependimento relacionado com algo que você não tenha feito.
Faça o que for preciso sem pensar em mais ninguém além de você mesmo.
Faça por você mesmo e não para ninguém.
Fazer por você mesmo vai impedir que você se decepcione.
Afinal de contas, a única pessoa que não vai te decepcionar nesse mundo vai ser você mesmo.
E, se por acaso se decepcionar consigo mesmo, daí estará próximo do fim do mundo, do seu próprio mundo.
Voltando à chance...
Na segunda chance, seja o melhor.
Não se arrependa.
Deixa que os demais se arrependam por não estarem à altura do seu esforço.
Na segunda chance, não tenha dúvidas quanto ao que precisa fazer.
Na segunda chance, olhe para o goleiro lá na frente e o ignore.
Na segunda chance, faça o gol.
Na segunda chance, deixe a sua marca.
E que seja Marca Evidente.
Quando ouvir a rede chacoalhando e a bola morrendo no fundo do gol, vire as costas e siga em frente.
Você aproveitou a segunda chance.
Novas chances aparecerão em novos jogos.
Não decepcione!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Conto de Fadas: The End!


Hoje é um dia de constatação e contestação.
Cuidado para não derrapar nas palavras e considerá-las como iguais.
E não são.
Constato que preciso contestar.
Contestarei.
No blog de uma colega, ela deu declarações sobre o amor, amor maduro, e concluiu algo parecido com: não existem Contos de Fadas na vida real.
Como assim?!?
Estou decepcionado agora!
Logo na minha pós-adolescência sou obrigado a encarar essa pérfida, dura e fria verdade?
Meu mundo a partir desse dia muda.
É outro mundo.
Vou levantar já desse toco no qual estou sentado à espera de uma princesa de longos cabelos esvoaçantes ao vento chegando célere numa égua branca.
Desisto dessa espera!
Vou colocar uma placa de proibição bem na entrada da minha vida:
Proibido princesas em éguas brancas!
E tenho de agradecer à colega por me alertar.
Sinto-me, agora, como um escravo alforriado.
Desisto dos Contos de Fadas e vou para o mundo real.

Música incidental, do Engenheiros do Hawaii:
"Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão, sem querer eles me deram as chaves que abrem essa prisão"

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sobre curvas e silêncios


Podemos conviver anos a fio ao lado de pessoas sem ter com elas uma ligação estreita qualquer que seja.
Tais pessoas, não por elas mesmas e nem por nós próprios, permanecem como folhas em branco ou, no máximo, com um esboço mal delineado.
Em sentido contrário, encontramos pessoas em situações totalmente incertas e improváveis e que, em pouco tempo, acabam se tornando essenciais em muitos sentidos.
Em poucos traços consegue marcar definitivamente a página em branco.
Questionadores e inseguros que somos, por natureza, muitas vezes nos pegamos a perguntar a explicação para isso.
Por que uma pessoa surgida do nada, numa curva qualquer da estrada, se torna tão gigante de um momento para o outro?
Por que gostamos tanto de falar com ela?
Por que temos necessidade de saber como anda o dia?
Por que nos apegamos tanto sem motivo algum, sem intenções e sem esperar nada em troca?
E os porquês vão se sucedendo, se somando, se multiplicando.
As questões amontoam-se e ficam incontroláveis.
E passamos a nos questionar tanto e a questionar tanto a vida que acabamos esquecendo de viver os momentos.
E assim, nos perdemos.
De maneira geral sou muito ávido e impaciente. Falo demais. Quero que as coisas aconteçam o mais rápido possível. Mas acabo não deixando espaço para nada acontecer direito. Na pressa de fazer as coisas andarem, acabo tropeçando e atropelando. Perco os freios e as estribeiras.
E assim me perco.
Lembro-me de uma conversa virtual recente.
Eu querendo respostas, respostas e respostas.
Eu querendo entender o sentido de tudo e dar um sentido à mínima coisa.
Daí a moça que falava comigo resumiu bem o que eu precisava fazer.
"Viva. Apenas viva. Deixe as coisas acontecerem. E pare de fazer tantas perguntas"
E isso serve para tudo. De maneira ampla e irrestrita.
Preciso aprender a fazer mais disso mesmo.
Viver mais.
Questionar menos.
Que minhas questões fiquem apenas para as perguntas profissionais do meu cotidiano de repórter.
Para a vida será preciso mudar.
Não quero chegar lá no fim da estrada pensando que perdi a chance de viver tanta coisa naqueles momentos que estava mais preocupado em perguntar os motivos para viver tais coisas.
Tenho aprendido muitas coisas ultimamente.
Venho tendo conversas enriquecedoras.
Venho conhecendo pessoas espontâneas dessas que são naturalmente adoráveis em todas as suas qualidades e defeitos.
Agradeço pelos caminhos incertos terem colocado as pessoas certas no meu caminho.
Isso não é nenhuma declaração, é apenas uma nota de reconhecimento.

P.S. Este post é dedicado a M.D.P., menina incrível e meio doida, com a qual tenho passado divertidos momentos virtuais e com a qual tenho aprendido que os loucos sabem, como poucos, serem felizes. E faço a ela um pedido: continue assim. O mundo depende de pessoas como você para ser melhor. E, menina de nome incomum, o que fazer agora? Apenas sorria. Apesar das placas gosto de ti e sou seu AMIGO!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O senhor dos frascos



O senhor dos frascos

Quisera eu ter a capacidade para manusear frascos e conteúdos.
Quisera eu ter o poder de fazer isso pelo menos na minha vida.
Escolher qual o conteúdo fica melhor em determinado frasco.
Assim poderia fugir das pedras no meu caminho.
Imagine que dez pessoas estão dispostas a dar a vida para estar ao seu lado...
Com certeza elas existem.
Creia nisso.
Mas dificilmente estará ao seu lado aquela exata pessoa que você desejaria que desse a vida para estar ao seu lado.
Não seria mais fácil, então, retirar o conteúdo de um daqueles dez frascos e depositar naquele outro frasco desejado?
Seria.
Não é.
Infelizmente a vida não permite que as coisas sejam assim tão fáceis.
E, por isso, acontecem tantos desencontros.
E, por isso, temos muitas mais notícias de histórias que não deram certo do que das que deram.
Desde que o mundo é mundo as coisas são assim.
E não mudarão.
O seu frasco com o conteúdo certo está em algum lugar agora mesmo.
Mas ninguém sabe onde estará tal prateleira.
Tomara que tenha o dom de encontrá-la.
Senão você próprio continuará vazia.

Tem uma música antiga de um cantor chamado Dalvan que fala justamente sobre isso. Segue, abaixo:

Desencontros (Dalvan)

"São tantos desencontros loucos nesta vida louca
São tantos desacertos certos nesta vida pouca
São tantos estes descaminhos e amarguras quantas
E tanto são estes espinhos em nossas gargantas

São tantas curvas nas estradas muitas desavenças
Nos olhos na cor, nos carinhos, quantas diferenças
Aquele que quer não precisa, o outro não tem o que deseja
Tem um que dá sua camisa pra não ver o outro chorar de tristeza

José é doido por Maria, Maria é louca por João
João não sente alegria, ama Conceição, Conceição deseja Pedro
Mas Pedro não quer mais ninguém
Existe sempre alguém no mundo procurando alguém"

terça-feira, 5 de julho de 2011

Olha eu aí!


Cá estou, oito meses depois, para perguntar a esse meu único filho como ele está. E o que tem ele a me dizer? Sente-se abandonado. Também pudera, aqui pouco apareci nesse tempo todo. E, se apareci, acabei não postando, ou seja, não o alimentei. Não irei tentar expos as justificativas para o sumiço. Tampouco prometerei estar presente constantemente. Mas, pelo menos, estou de volta. Olha eu aqui! Eis o retorno!