quinta-feira, 15 de julho de 2010

Arrotos de alegria


De fato não cai bem as figuras de melancólico e emburrado.
Ainda que as contradições nos levem todos a nuances como as tais e outras tantas, prefiro mesmo simplesmente a figura do palhaço despreocupado e brincalhão.
Já que este espaço é tão lido (será?!?) é melhor mesmo dar uma bicuda na dita melancolia.
Não vou prometer que ela voltará.
Afinal, madrugada a mais, madrugada a menos, ela pode me flagrar por aí e voltar a me abraçar.
Mas voltemos à alegria.
Ando precisando arrotar mais alegria e felicidade.
Ainda que seja mal-educado arrotar, é melhor que assim o faça.
Afinal, venho tendo mesmo muitos mais motivos para sorrir do que me entristecer.
(Abre parênteses: né? Sorrisos, passeios, almoços, ligações, viagens, manhãs, tardes, noites, etc, etc. Coisas que fazem a vida).
Pronto?
Melhor!
E que a noite se faça dia, ainda que mais tarde o dia vá se tornar noite.
Mas essa é uma outra história.

Emburrado


Ocorre que às vezes também posso ser um palhaço bravo, emburrado.
E às vezes é um burro que está amarrado com nó gódio.
Tal qual um palhaço que é contratado para uma festa e acaba sacaneado pelas crianças.
Depois de desamarrado o burro, a esse palhaço o que resta?
Vestir as luvas de choque e as flores esguichadeiras e sacanear todos os presentes.
De fato, prefiro o palhaço sacana.

Melancolia


Tenho andado preocupando pessoas próximas.
Minhas colegas me têm achado melancólico por demais.
Meus escritos não condizem com a minha imagem real.
A figura despreocupada e brincalhona externa contradiz com o que as palavras escritas denotam do que se passa no interior.
Mas a gente é mesmo uma contradição.
Como diria o mestre Raul, uma metamorfose ambulante.
O povo tem se mostrado tão atento às subidas e descidas e às curvas da estrada que já me sinto como um palhaço triste.
Um palhaço melancólico.
Seria possível fazer os outros rirem e ele próprio não conseguir por si mesmo?
O que será que será?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sede


Os que se contentam com a superficialidade de um córrego raso não sabem o prazer que é o mergulho em um rio profundo.
Cada um tem a sua escolha.
E cada escolha traz um risco.
O rio pode ser mais perigoso.
Afinal o mergulho profundo pode não dar chance para volta.
Mas o córrego raso é superficial.
E essa superficialidade pode fazê-lo secar.
E antes morrer cheio por tanto beber do que de sede por não ter como saciar.