sábado, 10 de setembro de 2011

UTI



Normalmente sou um cara animado, mas esse post não é alto astral.
Ele fala de tristeza.
Ele fala já de saudade.
Ele fala de verdades.
Ele fala sobre o tempo que nunca para de passar.
O tempo que vai acabando para muitos.
É duro ver as pessoas queridas envelhecendo.
É duro vê-las se apagando como a chama bruxuleante de uma lamparina.
É duro vê-las murchando dia-a-dia como flores abandonadas sobre a mesa.
É duro ver o brilho do olhar ir enfraquecendo.
É duro vê-las perdendo o vigor, a força e até a vontade de sorrir.
É muito triste isso.
É de cortar o coração.
Mas fazer o quê?
Seres imortais não existem na vida real.
O desejo da imortalidade é expresso no mundo das artes.
O cinema tem exemplos. Seja na série de filmes Highlander ou na também série Crepúsculo, a alegoria da imortalidade está presente.
E há sempre aquela agonia do ser imortal em ver as pessoas próximas envelhecerem, enquanto ele mesmo não envelhece.
Mas, no mundo real, estamos longe dessa utopia.
Nós próprios, observando o envelhecimento dos outros, não nos damos conta de que estamos também envelhecendo.
Vamos dia após dia enrugando e amarelando como as páginas de um livro que aos poucos vai sendo rascunhado, rabiscado, mal-escrito.
É observando o envelhecimento e perdendo as pessoas queridas que precisamos nos preparar para o dia que também chegará a nossa hora.
Infelizmente a vida é assim.
Infelizmente a única certeza que temos nessa vida é que a morte um dia chegará.
Triste e pura verdade.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sereia no aquário




É uma emoção estranha.
Você é um ser virtual.
Mas ainda assim lhe quero bem.
Ainda assim eu lhe busco.
Não sei qual é a cor do seu olhar ou que som tem o seu sorriso quando vai além do leve tremular no canto da boca.
Não sei que cheiro tem.
Não sei se o seu andar é cheio de charme.
Não sei se sua voz é música para os meus ouvidos.
Pouco sei dessa moça virtual no mundo real.
Mas ainda assim procuro o seu rastro na rede todos os dias.
Tento enxergar nas entrelinhas dos seus posts os fragmentos que poderão identificá-la no mundo real.
E cada vez, como numa teia sendo articulada, acabo me ligando ponto a ponto a você.
Não deixo de ficar preso, ligado.
Tal qual aquário e peixe.
Peixe e aquário.
Melhor ainda...
Sereia.
Aquário.
Agora mesmo, por acaso, nossos caminhos virtuais se cruzam.
É uma emoção estranha.
Fico lhe imaginando frente a frente com a tela do computador.
Tento vislumbrar o reflexo que a luz lançada do aparelho terá no seu rosto, nas sombras na sua pele, nos raios filtrando por entre os fios dos seus cabelos.
Fecho os olhos e tento imaginar por um instante.
Uma imagem efêmera se forma.
Abro os olhos e ela se esvai, como neblina ao sol.
Diante dos olhos não há mais a imagem.
Mas as características do seu ser virtual estão fixadas.
Essas, sim, são vívidas e marcantes.
Mas preciso mais.
Preciso ir além.
O mundo real também cobra uma presença.
A sua presença.
E quando deixaremos de ser apenas virtuais?
Será que deixaremos um dia?
Nem que seja só um dia?
Ah!
Quem me dera eu pudesse ser real um dia e lhe dizer em palavras ao vento tudo o que sou capaz de sentir.
Quem me dera!

P.S. Sereia, sereia... Faça o seu canto virtual se tornar real. Encanta-me com seu canto...

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Minhas verdades



Preciso falar a verdade.
Preciso falar das minhas verdades.
Sou goiano.
Do pé-rachado.
Mesmo!
Sou do interior.
Sou da roça.
Sou ainda meio caipira.
Gosto de música sertaneja.
Gosto de moda de viola.
Gosto de mato.
Gosto de beira de rio.
Gosto do cheiro da terra molhada logo na primeira chuva.
Gosto muito mais de olhar as estrelas no céu do que as luzes da cidade.
Gosto muito mais de ver a lua-cheia clareando a mata do que prateando os telhados.
Gosto muito mais de ouvir o canto dos passarinhos do que o barulho dos carros.
Sou assim.
Não adianta, vivo na cidade, mas sou muito mais rural do que urbano.
Não adianta, eu sai do interior, do sertão, mas o sertão não saiu de mim.

“Sertão é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando menos se espera.”
(Guimarães Rosa - Grande Sertão Veredas)