terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Nomes

Nome é um negócio complicado. Afinal o bebê normalmente já chega ao mundo carimbado com uma denominação escolhida ao bel-prazer pelos pais. E vai saber o que se passa pela cabeça de pais e mães ao escolher o nome do pimpolho.

É para homenagear o avô? Daí aparecem os Anapolinos, Américos, Austragésilos, Pacíficos e outras definições do tipo devidamente complementados pelo NETO. E você já percebeu que os Anapolinos e Américos normalmente só são chamados por esses nomes na chamada da sala de aula? É sim. Naturalmente eles adotam o nome menos estranho do seu registro: NETO. E por aí vai, com homenagens a pais (que muitas vezes recebem de presente o nome estranho dos próprios pais e resolvem, só de sacanagem, passar o fardo de um quase xingamento para os próprios filhos), avós, tias, tios-avôs...

Uma coisa interessante seria deixar o moleque nascer e não colocar nome nenhum no dito cujo. Daí arrumava um apelido para ele. Tipo Coisinha, Zezinho, Pretinho, Branquinho, Gordinho, Zoinho, Cabecinha e outros inhos e inhas. Daí lá pelas tantas, quando o fulaninho já pudesse ter um certo nível de consciência, escolhesse o próprio nome. Isso evitaria aberrações como Carneiro de Souza e Faro ou Chevrolet da Silva Ford. Acredite se quiser, mas são nomes de pessoas reais.

Você mesmo, se for procurar na memória, vai encontrar algum conhecido com nome estranho.
Os exemplos andam por aí.

Eu mesmo, vamos analisar: ALMIRO MARCOS.

E de onde foi que minha mãe arrumou um nome desses? Ela conta que era um farmacêutico, médico, sei lá, que era uma boa pessoa, coisa e tals. Mas o fato é que saiu lá no meu registro o nome composto. Até já encontrei, nos orkuts da vida, um xará. Exatamente, um ALMIRO MARCOS e também um MARCOS ALMIRO. Quer dizer, minha mãe não é a única maluca no mundo!

Ah! Ainda, no meu caso, poderia ser bem pior. Pois eu iria me chamar Mém de Sá. Isso mesmo, o nome do terceiro governador-geral do Brasil, português que por aqui esteve lá pelo século 16.
E minha irmã? Batizada Maria Emília (em homenagem aos dois primeiros nomes das avós) deveria se chamar Mircileigue. Ahnnnn? Nesse caso, minha mãe nunca conseguiu achar explicação. Por mais que eu tenha procurado definições em plantas, insetos e estrelas, não consegui homônimo.

A motivação para escrever sobre nome veio da Camila Blumenschein, colega jornalista aqui da redação do Pop. Dia destes ela, que se senta bem na minha frente, perguntou-me, na mais cândida naturalidade: "Almiro, você acha seu nome estranho?". Eu fiz cara de desentendido, disse que não, mas fiquei encasquetado com aquilo. Fiquei uns 15 minutos a balciar meu nome, até me acostumar de novo.

Depois do ocorrido, fui recordar alguns acontecimentos para reconhecer que ter esse nome é mesmo complicado. Nas entrevistas a fazer pelo telefone, ou quando atendo alguma chamada aqui na redação, eu falo o meu nome para as pessoas. Daí elas entendem o que acham mais fácil. Então me chamam de ALMIR, se prestam atenção na primeira parte do nome, RAMIRO, se prestam atenção na parte final, e até de ALTAMIRO, quando não prestam atenção em nada.
Como explicar é pior, eu fico calado e deixo a pessoa enganada.

Já perdi a conta das vezes que já atendi o telefone para um colega de redação, ALTAMIR, como se eu fosse o próprio. Mas não soube ainda se ele já recebeu alguma chamada que era para mim.
No convívio familiar mais próximo (mãe e irmã), apenas minha mãe me chama de ALMIRO MARCOS, já minha irmã só me chama pelo nome composto quando está p. da vida com algo que eu tenha feito. Ih! Perdi a conta das vezes, quando era criancinha pequena lá em Varjão, de ouvir aquela voz irada ecoar pelos quintais da vida. "ALMIRO MARCOOOOOS! Eu te mato, seu moleque!". Isso tudo só porque eu tinha quebrado algum vaso ou sujado toda a casa. É claro que a ameaça fraterna era mera força de expressão, tanto que estou aqui ainda, vivinho da silva.

As pessoas quando me conhecem, normalmente preferem me chamar pelo segundo nome: MARCOS. Afinal, é mais fácil gravar. Até começam me chamando assim, mas não conseguem continuar. Daí começam a me chamar por um diminutivo do primeiro nome: MIRO. Mas logo acabam ficando com o basicão mesmo: ALMIRO.

No problem, já estou conformado mesmo!

E sei que ainda carregarei por muitos anos a velha sina.

- Alô, quem está falando?
- É o Almiro.
- Almir?
- Não, Almiro.
- Ramiro?
- Não, A L M I R O.
- Altamiro?

Antes que a coisa piore e descambe para Valdomiro ou Claudiomiro eu atravesso a parte dos nomes e vou logo perguntando o que a pessoa quer.

2 comentários:

  1. - Alô, quem está falando?
    - É a Deire.
    - Meire?
    - Não, Deire, com D de dado.
    - Deise?
    - (soletrando) D-E-I-R-E.

    kkkkkk.

    Sei bem o que é tentar fazer a pessoa do outro lado da linha entender um nome assim, digamos... incomum.

    Muito bacana o blog!

    Abs!

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  2. Oi Almiro, muito bacana seu texto, ficou engraçado! Quero deixar claro que não acho seu nome feio, muito menos difícil, mas é um nome incomum por isso fiz aquela pergunta. Eu até queria ter um nome diferente porque o meu é comum demais. Minha mãe disse que colocou meu nome porque quando eu nasci ele tava na moda, tão na moda que só no corredor do hospital quando eu nasci tinha mais duas Camilas. Na escola sempre tinham outras Camilas na sala e como só tenho o sobrenome Blumenschein, meus cologas acabaram me apelidando de Blue, porque Blumenschein é muito grande e alguns acham difícil de pronunciar. Aquele dia eu tb tava encasquetada com o nome do cara que eu tinha entrevistado, Senivaldo e moça tinha dito pra eu falar com o Fenisvaldo... Esse sim é um nome feio, faz a gente pensar porque as mães fazem isso mesmo com os filhos... Mas seu nome é de boa, eu até conheço outro Almiro e Blumenschein ainda por cima!! Hehehe! Valeu

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