terça-feira, 18 de maio de 2010

Vício


Sou repórter.
E não saberia ser outra coisa.
Ainda que eu não tenha nascido sabendo isso, depois que entrei no jornalismo descobri.
Sou viciado nas histórias alheias, em conversar com as pessoas, tentar apreender delas suas histórias, seus sentimentos e depois repassar isso, pingar gota a gota no papel aquela reportagem.
Ainda sinto frio na barriga quando saio para fazer uma pauta.
Ainda tenho o tesão do primeiro dia.
Ainda consigo me emocionar (é verdade) em ler textos antigos.
Às vezes até eu mesmo estranho e me pergunto: "mas fui eu mesmo quem fez?".
Eu amo o que eu faço.
É excitante garimpar a notícia...
Mergulhar a bateia profundamente no rio das histórias das pessoas e separar muita areia bruta, da qual é possível separar uma pedra preciosa: o ouro que é a notícia...
E nós repórteres somos sim garimpeiros...
Quem é repórter sabe o que estou dizendo.
Me chamem para ir a uma festa no meio da noite que às vezes eu posso pensar duas vezes.
Mas me digam que há uma boa história para ser contada em qualquer beira de esquina a qualquer hora da madrugada que eu deixo tudo e vou lá.
Sou assim.
E assim quero continuar sendo.
Repórter que se preza não deixa de ser repórter.
Ele respira e transpira isso 24 horas por dia.
Essa é a minha vida.
É a que escolhi.
Sou feliz.

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