terça-feira, 1 de junho de 2010

Frio


Amanheci com um gosto de passado na boca hoje.
Um gosto outrora doce que se torna amargo.
Lembraria o sabor quase esquecido de uma margarita?
Primeiro adocicada ao paladar para encerrar bem amarga?
Não sei ao certo.
Também não tenho memória para tanto.
O dia amanheceu frio.
Não tão cinzento como outros, mas bem frio para os padrões do Cerrado.
Acho que o frio não está fazendo tão bem a mim.
Tenho amanhecido meio frio e cinzento como o tempo.
Hoje pelo menos o sol resolveu aparecer.
Mas não ainda para mim.
Melancolia.
Essa vem sendo uma constante.
Engraçado que os dias que passam parecem estar fundidos numa só massa uniforme e disforme.
De tão rápido que passou, o tempo até parece ter parado.
Contradições.
A caminhar sobre o fino fio afiado de uma navalha é como me sinto.
O deslize fatal pode me atirar num abismo.
Teria fim?
Continuo a me equilibrar em frente sem saber o que me espera?
Ou me deixo cair no precipício sem também saber o destino?
Não sei.
De nada sei.
Não há nenhuma voz a me chamar.
Não há nenhum aroma a me atrair.
Não há nenhuma luz a me guiar.
Sigo às cegas tateando o inesperado.
O próximo passo?
Pode ser fatal.
Mas parar também não é a melhor escolha.
E assim sigo em frente.
Devagar e sempre.
Não posso ter pressa.
Até porque a pressa pode me atirar no abismo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário