quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Ficção



Basta apenas um passo para mudar tudo.
Fechar os olhos e sentir a troca de um beijo pode ser a chave para abrir uma porta fundamental.
Mas você, mulher, não se permite.
Afasta o cálice das coisas que a ligam a essa pessoa e bebe apenas no das coisas que imagina os distanciar.
De que lado está o peso maior?
Você o vê até interessante, companheiro para todas as horas, conselheiro, amigo e divertido.
Ele lhe entende como poucas pessoas já a entenderam. Sabe ouvir, concordar, discordar e dizer as coisas certas, nas horas certas.
Ele sabe enxergar você além da embalagem. Ele nota o seu conteúdo.
Mas, em contrapartida, você o afasta e aposta numa alegada falta de química.
Sim. Afinal você não pode se permitir se aproximar ainda mais dele.
"Não daríamos certo... Ele é meu amigo. Apenas".
Mas também não entende o porquê de, às vezes, até pensar nele, rir sozinha e sentir falta.
"Isso não! Nunca me passou pela cabeça..."
Ele é mestre em confundir as coisas e se acostumou à fila de nãos.
Você se diverte.
E acha interessante porque, diferente de tantos outros, ele nunca se afastou.
Continua o mesmo.
"Seria ele diferente?", pensa você.
E você se lembra de passagens.
Sorri novamente, acha graça de alguma piada perdida em tardes ou madrugadas de muitas conversas.
Quem é esse cara para você, mulher?
Será que há algum risco de que você esteja errada por fora?
E se em sua essência as coisas forem diferentes?
Já pensou se, ao invés de dar errado, tudo desse certo?
Mas, mesmo se desse errado, não perde-se nada em tentar.
Ao contrário, o mais provável é de se ganhar algo a mais.
"Não quero me envolver", é o que diz você.
Mas é impossível.
A própria vida nos envolve a partir do momento que abrimos os olhos e mergulhamos na luz e nas trevas do mundo.
Então, permita-se. Envolva-se.
Pense na possibilidade de deixar que um dia ele dê algum passo além da amizade para poder discordar contigo de muita coisa nesse caminho.
Deixe-o abrir a porta de muitos dos seus mistérios.

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