Mecanismo de desabafo. Forma de tentar expressar o que nem sempre é possível por outros meios. Falar das coisas que sei. E que nem sei. Local de conversa fiada. Verve. Calor de imaginação que anima o artista, o orador, o conversador, etc. Verter. 2. Fazer sair com ímpeto; jorrar. 3. Espalhar; difundir. Veia. Bem, veia é veia mesmo.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Tempo
Houve um tempo em que tudo era mais fácil.
Esse tempo passou.
Esse tempo acabou.
E, em muitos sentidos, fiquei parado no tempo.
E, em certo sentido, fico a esperar o tempo que não vai voltar.
Mas isso somente diz de um recorte de tempo.
Sobre o tempo de vida de um certo tempo.
É o nosso tempo com pessoas, lugares, situações...
Esse foi o tempo que findou, ruiu, esfumaçou.
Porque o verdadeiro tempo é mais amplo.
É o tempo que, para cada um de nós, não para.
Os grãos continuam a escoar pelo gargalo fino da ampulheta.
Afinal, a areia não pode parar de escorrer.
Chegará o momento em que será necessário (des)virar a ampulheta de ponta-cabeça (ou de cabeça pra ponta?).
E isso fará com que o tempo volte?
Não.
Ele continuará passando...
E, ainda que os grãos de areia sejam os mesmos e a ampulheta, também, nem tudo estará mais como antes.
E então chega um novo tempo.
Um novo tempo que também não para.
Segundo a segundo.
Minuto a minuto.
Hora a hora.
Dia. Semana. Mês. Ano. Década.
A século dificilmente alguém chegará.
Milênio? Jamais alcançará!
Chega o dia que a ampulheta quebra.
E a areia de cada ser em si deixa de escorrer.
E esse é sim o fim do tempo.
O fim do seu tempo.
E a areia vira pó.
Pó.
Só.
"Se eu ousar catar na superfície de qualquer manhã as palavras de um livro sem final! (...) Valeu a pena! Sou pescador de ilusões" (O Rappa)
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